segunda-feira, março 31, 2008


Seu rosto era lindo. De uma formosura que agrada aos olhos, que desperta os sentidos. Branca, de rosto com leves sardas, lábios finos que emolduravam seus sorrisos como uma pintura que todos gostariam de adquirir. Cabelos lisos decaídos sobre os ombros. Bochechas marcadas pela expressão aliciante. Olhos verdes claros como a água do mar. bonita, encantadora e atraente, mas, perfeita, nao sei... talvez... Com o pouco tempo que tive observando-a não pude fazer tal conclusão de seu aprazimento à inteligência e ao coração. E isso sim, seria a mais bela obra de arte. Certamente impossível, pois, só a convivência nos faz saber dessas coisas.
No mais, algumas mulheres permanecem na memória de um homem, mesmo que ele as tenha visto por um único segundo, atravessando a rua...

sexta-feira, março 14, 2008

Dia da poesia

Junto as correntes do estado comovido de alma,

Fluente ao entusiasmo lírico e épico,

Num mundo mais bonito ou mais intenso,

Mais significativo ou mais ordenado,

Por dentro da realidade imediata,

Metrificamo-las.

E eis que da arte marginal ou literária,

Como arte,

Recria a realidade.

Assim nasce a Poesia.


Parabéns ao dia da poesia!

quarta-feira, março 12, 2008

Olhos torrenciais

Em meio a um dilúvio, entrei sem pestanejar no botequim cinzento. Lá fora o vento batia na porta junto à chuva caudalosa e, de dentro do botequim gris e pardo eu os observava com um olhar nostálgico típico de calamidade. Mas então, quando desviei os olhos fixos as torrentes, percebi um olhar para mim. Pensava que olhava pela primeira vez. Virei o globo ocular novamente a chuva e, foi quando senti, sobre o ombro, nas minhas costas, seu escorregadio e oleoso olhar. Então compreendi que era eu quem a olhava pela primeira vez.
Acendi um cigarro. Traguei a fumaça áspera e substanciosa a fim de burlar meu indiscreto desejo de saber... Eu, escondendo-me por de trás de um tabaco às mãos, fixo, olhando-a. Ela, sentada no balcão do bar, me olhando e observando minhas pálpebras iluminantes em sua direção. Durante breves minutos não fizemos nada mais que isto: olhar-nos. Foi então que deslizei sobre ela, quando lhe disse, com respiros de alcatrão: “olhos torrenciais”. Ela me disse, no instante que descruzava as pernas: “Isso. Olhos. Já não o esqueceremos nunca...”. E saiu além dos limites da órbita ocular suspirando: “Olhos torrenciais”. Escrevi isso por todas as partes...

terça-feira, março 04, 2008

Chega de rotular

Não sou do tipo regular,
Que se sujeita a regras de pensar para moderar as coisas.

Prefiro a disposição de ousadia e destemor,
Sem nenhuma pitada de rancor.

Tenho o temperamento da justa medida, do equilíbrio,
E sei que não são tomados em sentido absoluto.

Meu único pensamento maniqueísta é sobre minhas paixões.
Ou faço ou despacho, sem facho.

Ser for pra me rotular prefiro a definição de “sem nível”.
Sem igualha, sem padrão, sem paridade de situação,
Então, sem sermão, meu irmão!

Minha exclusiva prédica é a do livre arbítrio, liberdade,
Sem se eximir, antes de mais nada, de dispor sobre si.