terça-feira, dezembro 23, 2008

Paixões efêmeras


O melhor da vida é, na maioria das vezes, a absoluta incerteza sobre o que é ou não efemero, que paixoes são ou não superciais o suficiente para desaparecerem em dois dias. Nada melhor do que algo simplesmente acontecer... Do nada encontrarmos no outro tantas coisas que se completam e ao se completarem aumentam de vulto...
Mais apaixonante ainda é o poder do acaso e do tempo que nos comandam como marionetes num teatro infantil, lúdico, e quem sabe podem nos oferecer a possibilidade do reencontro...
Se não... Nada se pode fazer... Apenas relembrar, e agradecer... GRANDES MOMENTOS... E constatar que realmente nem tudo é efêmero, pois muitas coisas mesmo com a distância física acabam permanecendo no pensamento.

Natal



Natal. Na província neva.
Nos lares aconchegados
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.


Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Por isso tenho saudade.


E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!



Fernando Pessoa

sábado, dezembro 20, 2008

Vidas Paralelas


Nos idos de outros tempos, tive que assistir a um filme, para fazer um trabalho de uma matéria que não suportava... Fala de inconsciente... Assuntos tratados pelo velho Freud... E fiz por fazer, como alguém que cumpre uma obrigação e só...Hoje relembrei desse dia, do tanto que praguejei da raiva que senti em ter que locar aquele filme disparatado... Pareciam um monte de malucos que dormiam e acordavam numa história histérica e sem sentido, avançando e retroagindo cada vez fazendo menos sentido...Buscando uma analogia com o que vivo hoje, começo a observar que vivo em duas vidas paralelas... Não que eu esteja ficando louco, apenas alguns pensamentos e momentos preponderam sobre outros...É como se a minha vida normal fosse cortada, em vários momentos, por outra até então desconhecida, mas que viajo tentando decifrar cada espaço ainda escuro...E assim tem funcionado meus dias, me pego várias vezes com a cabeça longe, esqueço algumas coisas que fiz, outras faço de maneira automática sem pensar ou por instinto...Alguns pensamentos fixos, um em especial... E esse me remete ainda mais a uma história apenas explicável se eu de fato considerar a existência de um mundo paralelo...Refiro-me a saudade de alguém a quem apenas tenho acesso ao sorriso e umas poucas dúzias de palavras... Como pode?Por isso hoje defendo essa vida paralela, acredito nela, tenho certeza que nos meus constantes momentos de branco viajo pra lá... Talvez lá possa conversar e rir exaustivamente de tudo que se passa, possa ser inteiro sem ser censurado, amar e ser amado a mesma e fiel medida...Talvez lá e por enquanto apenas lá encontre o descanso, a paixão, a tormenta, a tempestade, o temporal, o sol, dunas, mar, sal, rio, doce, amor... Tantas coisas ambíguas, que se completam e se significam... Da mesma forma que faço com minha vida paralela até o momento de ser una.