terça-feira, novembro 06, 2007

Renan volta ao senado

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou hoje a intenção de renovar a licença médica que o manteve afastado por dez dias da Casa Legislativa. Ao deixar o seu gabinete hoje, após o primeiro dia de trabalho no Senado depois de se afastar da presidência da Casa, Renan disse que vai retomar o seu mandato em definitivo.

"Se eu estou trabalhando, como eu vou renovar a licença?", questionou o peemedebista ao negar uma eventual nova licença.

Renan ficou por três horas em seu gabinete de senador, já que a sala da presidência do Senado está sendo ocupada interinamente pelo senador Tião Viana (PT-AC) --primeiro vice-presidente da Casa. Além de funcionários e aliados no Estado, Renan recebeu a visita do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Jucá disse que foi apenas dar um "abraço" no colega de partido, sem entrar em detalhes sobre as conversas que manteve com Renan. O líder disse que com o retorno do senador, a base aliada do governo ganha mais um voto favorável à prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até 2011.

"Eu ganho mais um voto. Ele tem que estar aqui para votar a matéria", desconversou Jucá. Assim como o líder, Renan se manteve discreto em seu retorno ao Senado. O peemedebista não quis dar entrevistas e, mesmo cercado por jornalistas, deixou a Casa Legislativa sem comentar o seu futuro político.

A Folha Online apurou que a estratégia do peemedebista será evitar discursos públicos ou discussões polêmicas para não retomar para si os holofotes da crise política. Renan avaliou a aliados que, desde que deixou o Senado, conseguiu deixar de ser o "centro das atenções" na Casa Legislativa --o que considera positivo já que responde a quatro processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética.

Licença

Renan se afastou da presidência do Senado por 45 dias no dia 11 de outubro. Pouco depois, também pediu licença médica de dez dias do mandato para manter-se afastado da Casa. Durante o período, manteve-se recluso na residência oficial da presidência do Senado, evitando lugares públicos e eventos políticos.

Na semana que vem, o Conselho de Ética do Senado deve retomar as discussões sobre os processos contra Renan. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) prometeu entregar até o dia 15 o relatório da terceira denúncia contra o peemedebista --na qual Renan é acusado de usar "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.

O processo é considerado o mais grave contra o senador, já que as acusações foram reveladas pelo usineiro João Lyra ---ex-aliado de Renan que se tornou seu adversário político no Estado.

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