terça-feira, março 13, 2007

No tempo com o Populismo


A origem dos setores nacionais-populares remontam na América-Latina a tradição do chamado populismo surgido nos ano 30. Perón na Argentina, Cárdenas no México e Vargas no Brasil são símbolos claros de uma retórica que tinha uma idéia principal e considerada modernizadora na América-latina; “a inclusão dos excluídos”.
Estes fizeram coisas pelos pobres, mas também criaram as estruturas corporativistas que desde então se tornaram os flagelos dos sistemas políticos de seus países e também de seus movimentos sindicais e camponeses.
O corolário ideológico desse misto de inclusão dos excluídos, desvario macroeconômico e poder de permanência política foram o nacionalismo estridente e virulento.

A longevidade política é um traço central do populismo. Getulio Vargas chegou ao poder em 30, por meio de um golpe de Estado. Em 51 foi eleito presidente, e em 54 suicidou-se. Ivete Vargas, sua sobrinha-neta reivindicou o direito legal de usar o nome do seu partido em 1979, e ganhou a lide, conservando a sigla de seu tio-avô mais de meio século depois dele ter assumido o poder. A história relata que uma das caracteristicas principais dos "populistas" era o carisma que tinham junto ao povo. Essa opulência íncrivel e temporária dos mais pobres ainda é citada por alguns, hoje em dia, como uma espécie de "tempos bons". Não obstante, as reformas promovidas pelos regimes nacional-populares, mesmo que com frequência tenham sido decisivas e inovadoras, sempre tiveram um alcance limitado. Numa ou noura de suas medidas, todos formaram governos que simplesmente promoviam políticas inovadoras de moderada transformação social e econômica, desde o estabelecimento do salário mínimo até a promulgação de legislações trabalistas e a expropriação de companhias estrageiras.

A respeito de seu "berço" ideológico. Apesar de ter uma linha autoritária sempre presente, além de uma tendência a conciliar com os adversários e por em pratica reformas limitadas, a corrente nacional-populista pertence sem dúvida à esquerda do espectro político. Embora em certas ocasiões se incline à direita (como Perón na Argentina), seus ideais eram típicos de esquerdas. Até pelo fato das posições tomadas quando se viu obrigada a passar para a oposição.
A corrente populista reflete o irrealizado sonho latino-americano de uma modernidade indolor:

“O populismo sempre foi a grande tentação latino-americana, representando um desejo de transformação com continuidade, sem a ruptura violenta que experimentaram tanto os processos socialistas quanto os capitalistas de industrialização”.

Contudo, em um curto e médio prazo, tais políticas agravam de maneira inevitável a desigualdade, ampliam o fosso entre ricos e pobres, esgarçam a frágil rede de seguridade social existente e exacerbam o ressentimento entre os pobres; cada vez mais miseráveis, pela riqueza dos ricos; cada vez mais ricos.
A explosão ameaça o destino desses paises que utilizam práticas populista. Sendo quase inevitável em alguns deles, embora não em todos. Mas em algum momento lá na frente sim. A história por vezes avança pelo lado ruim, e o passado sabe como vingar-se das investidas do presente. Le mort saisit le vif. (Marx)

2 comentários:

Val-André Mutran  disse...

Getúlio além de gaúcho, terra do meu pai e avô paterno, carimbou o passaporte brasileiro para o mundo.
Abs

P.S tardio.: Já refletiu sobre a divisão do Estado?

Antonio Carlos Monteiro disse...

Eu sei Caro,

A era Vargas foi bastante marcada pelas conquistas. Foi um presidente marcado pelo investimento no Brasil. Na área do trabalho como marca registrada.
Sua política econômica gerou empregos no Brasil e suas medidas na área do trabalho favoreceram os trabalhadores brasileiros.
Não esquecendo suas açoes ditatoriais. Sua forma de governo centralizadora e controladora. Perseguições etc...
No entanto, no texto refiro-me ao velho populismo. Do nacionalismo exacerbado e de suas conseqüências. Vargas foi utilizado como exemplos, pelo fato da sua política precípua populista.
Vargas será inesquecivel pra nós. “Deixou a vida para entrar na História", como sua carta suicida dizia.

A propósito da divisão do Pará. Tema importantíssimo a ser debatido. Comentarei assim que o tempo deixar. To em prova, vida de estudante...
Abraços.